Akira Kurosawa disse, certa vez, sobre as histórias de Miyazaki que “embora elas variem de filme para filme, o seu mundo é imediatamente reconhecível e surpreendentemente consistente. Ele cria universos que são maravilhosos e místicos. Ele tem uma reverência quase xamânica com a natureza; rochas, árvores, rios e oceanos todos parecem estar vivos e conscientes. Além disso, ele preenche o seu mundo com criaturas que mudam de forma, como Sem Rosto, o monstro mascarado e voraz em A Viagem de Chihiro; o grande Espírito da Floresta, Kodama, em Princesa Mononoke, que parece que ter saído diretamente da mitologia japonesa; e, talvez, sua criação mais agradável, o gato-ônibus de Meu Amigo Totoro, completo, com olhos de farol, um sorriso de Cheshire e um interior semelhante ao útero quente.”.

O curta-metragem intitulado Celles et Ceux des Cimes et Cieux (Mulheres e homens de Cúpulas e Céus) foi o projeto final de Gwenn Germain – um estudante da escola de arte francesa Créapole –  e é também uma declaração de amor à obra do mítico cineasta Miyazaki. O filme de Germain – no qual é impossível não reconhecer o mundo característico sobre o qual discorreu Kurosawa – é um maravilhoso trailer de animação de algo poderia vir a ser um longa metragem incrível.

A sinopse do Gimeo é sucinta e descreve a história de um menino que vivia em uma aldeia em uma cúpula sobre uma árvore gigante até um dia cair nas profundezas da floresta, onde ele vai encontrar dois estranhos que lá habitam e que vão ajudá-lo a voltar para casa. Entretanto, a animação de pouco mais de 2 minutos e meio traz muito mais do que meras semelhanças de enredo com as realizações do Studio Ghibli Miyazaki: é um conjunto de reminiscências dos filmes de Miyazaki como O mundo dos pequeninos, Meu Amigo Totoro e A Princesa Mononoke.

Há referências intermináveis ​​neste curta, quer seja a partir de imagens icônicas de Mononoke, das criaturas fantásticas de A Viagem de Chihiro ou das homenagens visuais para O castelo animado, Vidas ao vento e muitas outras obras do cineasta. Até mesmo a música é percebida como a pontuação de um filme de Miyazaki, isto porque Germain usa trechos da trilha do filme Hana-bi, composta pelo lendário compositor e colaborador de longa data Miyazaki, Hisaishi Joe.

Germain disse também ter sido influenciado pelo artista conceitual e designer Syd Mead, que trabalhou em Blade Runner e Tron, entre outras coisas. Mas, com o próprio Miyazaki aparecendo nos momentos finais do filme, fica claro quem é o objeto principal das homenagens. O estudante passou cinco meses isolado em seu quarto trabalhando no projeto e teve seu esforço recompensado: após sua linda e delicada homenagem para Hayao Miyazaki tornar-se viral no Japão, ele obteve um A + no projeto.

Você é fã de Miyazaki e ainda não viu o curta-metragem do estudante francẽs?

Assista aqui:

Celles et Ceux des Cimes et Cieux from Gwenn GERMAIN on Vimeo.

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