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Uma mãe apaixonada por animes

Depoimento “Eu,mãe”: Marcia Zymberknopf, 41 anos, advogada, mãe de um menino de 13 anos e um de três.

Eu sou a única mulher na minha casa. Tenho meu marido, meus dois meninos e até o gato é macho. Mas eu acredito que eu fui programada para ser mãe de menino mesmo. Eu adoro brinquedos e desenhos “de menino”.

Eu sou apaixonada por animes. Eu sou advogada na prefeitura da minha cidade e o meu trabalho é muito sério e frio. E é assim que eu gosto de relaxar. São histórias muito boas que mostram que o esforço sempre vale a pena, fora que são muito engraçadas.

Eu amo de verdade animes japoneses e consegui passar essa adoração para o meu filho mais velho. Ele agora gosta de indicar novos desenhos pra mim, mas é uma pena que ele, ao contrário de mim, não goste muito de mangás.

Quando meu caçula tiver uns cinco anos, vou apresentar o Naruto pra ele.

Eu sempre, sempre, sempre quis ser mãe e sabia que um dia eu seria, assim como sempre tentei fazer as coisas sempre certas na minha vida. Eu me casei em 2000 e fiquei morando com a minha sogra até conseguirmos construir a nossa casa, ou pelo menos parte dela para ser habitável – porque a minha casa está em eterna construção. Nos mudamos em outubro de 2002.

Até esta época nós evitávamos ter filhos, mas quando nos mudamos, sem discutir o assunto oficialmente, acho que deixamos ver o que iria acontecer. Eu fiquei grávida mais ou menos em dezembro de 2002. Foi uma alegria infinita. Eu tive uma gravidez ultra tranquila, o pior que acontecia era cair a pressão, mas nada que um sal de fruta não resolvesse. Eu consegui até fazer hidroginástica e caminhada.

Meu primeiro filho nasceu de parto normal e eu me sentia pronta para encarar meu papel de mãe. O que mais me recordo quando viemos para casa é que eu ficava olhando para ele e dizia para o meu marido: nossa, não é incrível, ele sempre vai estar aqui! Realmente não acreditava que aquele menininho tão lindo era meu.

Eu também sempre digo para a minha mãe que ser mãe dele sempre foi fácil, ele é muito obediente, amoroso, bonzinho, dormia a noite inteira e até hoje eu fico surpresa com isso. Meus pais também sempre me ajudaram com ele, levando na escolinha, buscando para mim, cuidando dele quando eu não podia. Eu me considero super sortuda, tenho todo o apoio dos meus pais e nem sei o que faria sem eles.

E então, eu que já estava acostumada com a minha vidinha sossegada me dei conta que estava chegando nos quarenta e nada de ter outro filhinho. O que também me fez ficar pensando foi a corajosa da minha irmã adotando duas crianças com uma grande diferença de idade entre elas.

E dessa vez, sem falar nada para o meu marido eu decidi ficar grávida. Peguei a cartela da pílula e joguei fora. Pouco tempo depois eu já estava grávida. Assim como na primeira gravidez, foi tudo muito tranquilo. Não pude fazer hidroginástica ou caminhada porque dessa vez eu tinha que também dar atenção para o mais velho, mas deu tudo certo.

Os primeiros sinais de parto acho que já me avisaram do furacão que estava chegando!

Na primeira gravidez a bolsa não arrebentou, então quando eu me vi molhada na cama às 23h30 eu fiquei bem assustada. Chamei meus pais para ficarem com o mais velho e lá fomos nós para o hospital. As contrações também me deixaram muito nervosa, foi tudo muito diferente, porque eu tinha chegado às 20h30 no hospital e as 22h00 ele tinha nascido. Mas na segunda vez…fiquei lá sentindo toda aquela dor até as seis da manhã, quando a médica chegou. O meu médico estava viajando, então o meu parto seria feito por outra médica.

A primeira coisa que eu pedi foi aquela anestesia que tinham me prometido.

No primeiro parto eu sequer tomei anestesia, mas daquela vez eu queria sim! Então eu fui levada para a sala e a medica não deixou meu marido entrar na sala. Eu não conseguia fazer a menor força por causa daquelas dores, então finalmente deram a bendita anestesia e as fotos que o meu marido tirou lá do outro lado do vidro ficaram hilárias com a minha cara de feliz sem dor.

Meu caçula nasceu com o cordão enrolado no pescoço mas deu tudo muito certo. Meu filho mais velho começou a mamar como um profissional, mas o menor deu trabalho, ficava bravo, não conseguia pegar o bico e me machucou bastante.

Como pode a gente ter dois filhos tão diferentes?

Eu sinto que tenho dois filhos únicos.

Meu caçula nunca foi tranquilo como o irmão. No comecinho ele até dormia, mas um tempo depois acho que eu passei aquela prova que todas as mães comentam: a falta absoluta de dormir. Eu acordava a cada 45 minutos, amamentava mas ele não dormia, virava, virava no berço e parecia muito incomodado. Piorou quando voltei a trabalhar e ele passou a tomar fórmula.

Foi uma loucura para fazer com ele comesse, foi uma loucura para fazer com que ele tomasse o leite artificial e nada de dormir. Chegamos a leva-lo em uma médica especialista em sono infantil que ouviu minha história e disse que não era comportamental, porque a nossa rotina estava correta. Pediu exame para verificar se era refluxo e descobrimos o tal do refluxo interno, coitadinho. Passamos a dar leite de soja e as coisas melhoram um pouco, mas só o suficiente para eu dormir umas três horas seguidas.

Atualmente eu decidi que não adianta eu ser tão rígida. A rotina para começar a dormir é fácil, mas o problema é que ele ainda acorda de noite me chamando. Bem, eu coloquei um colchão do lado da caminha dele. Quando ele me chama nem penso em voltar para o quarto, já fico por lá mesmo.

Uma mudança na administração municipal fez com que o controle da minha jornada de trabalho fosse mais flexível, porque conseguimos provar que advogados não trabalham com horário, mas com prazos. Assim, agora eu trabalho durante sete horas corridas e consigo ficar com o meu caçula todas as manhãs.

Meu filho caçula é um menino super comilão. Come de tudo e adora comer. Provoca muito o irmão, que por sua vez também não deixa barato e quer competir com o pequeno. Até acho engraçado, com dez anos, um mês e um dia de diferença entre os dois eles brincam e brigam como se fossem da mesma idade.

O caçula também está aprendendo a ser mais sociável e menos bravo. Enquanto o primeiro era o ‘mordido’ na escola, o menor fui descobrir que é o ‘mordedor’.

Eles são muito, muito diferentes e eu me sinto como mãe de primeira viagem mesmo, pois tudo que aprendi com o meu primeiro filho não ser aplicado no caso do caçula, que tem uma personalidade muito diferente.

E agora o meu filho mais velho está entrando na adolescência. Eu adoro acompanhar as mudanças no corpo e até no comportamento dele.

Eu tenho medo de não ter a energia necessária para dar conta do caçula, eu fico arrependida também de ter deixado passar tanto tempo e agora estou mais velha e um pensamento que eu tento afastar de qualquer jeito é a idade que vou estar quando o maior tiver 40 e o menor tiver 30… rezo para que eu viva bastante e viva bem, porque como toda mãe nós não podemos morrer, não é mesmo?